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Interview: Suzy Menkes – Special: Fashion in Germany 5/7
16 February, 2010

Suzy Menkes, do “International Herald Tribune”, é considerada a mais importante jornalista de moda. Agora, Menkes descobriu a capital alemã: “Berlim tem moda no sangue”.

Joachim Schirrmacher: Sra. Menkes, a conferência anual do “International Herald Tribune”, à qual comparece o who-is-who do mundo da moda, já levou a senhora como convidada a Paris, Dubai, Istambul, Moscou e Nova Délhi. Por que a senhora escolheu Berlim pela primeira vez como local do evento no final de 2009?

Eu acho que Berlim se presta maravilhosamente bem como vitrine para uma conferência sobre o tema “luxo tecnológico”. Berlim irradia algo que se poderia melhor caracterizar como hard and smart. É verdade que Berlim não é uma cidade rica. Mas luxo não exige que se tenha de gastar obrigatoriamente um monte de dinheiro. A conferência trata, muito mais, de compreender o que é o luxo moderno e como ele se define, agora e no futuro. Penso também no perfil demográfico de Berlim. A cidade fervilha de jovens vindos de todas as partes do mundo, pessoas abertas ao progresso tecnológico.

Que relação a senhora vê entre a moda e a Alemanha?

Quando penso num estilista, nunca me preocupo se ele é alemão, italiano ou francês. Apesar disso, sou de opinião que a Alemanha tem até hoje mais a ver com moda masculina, da mesma forma que é o mais importante pólo de automóveis de luxo. Entretanto, pode não ser assim no futuro.

A senhora vê a moda como meio de expressão da sociedade?

Isto é o que tanto me fascina na moda. Se fizermos uma retrospectiva, esta questão ficará bem clara. Pense no exemplo dos ombros largos dos anos 1980, que agora estão de novo na moda. Naquela época, as ombreiras eram a expressão do movimento feminista e simbolizavam que as mulheres, no mercado de trabalho, estavam ombro a ombro com os homens. Este caso mostra de modo evidente porque a moda sempre reflete a sociedade.

A senhora já havia estado em Berlim em julho de 2009, por ocasião da Fashion Week. A senhora disse então ser muito importante não só visitar os desfiles, mas também andar pelas ruas para ver o que as pessoas vestiam, ressaltando na ocasião que ali é onde a moda acontece.

Naturalmente. Em Berlim, quase todos adotam um streetstyle, um estilo individual. Como as pessoas se vestem em Kreuzberg, como elas combinam as peças de roupa é, para mim, muito emocionante e inspirador. Eu estou certa de que aqui existem muitos costureiros desconhecidos, que talvez não alcancem o palco internacional, mas que, apesar disso, fazem um trabalho sensacional.

O que mais lhe chamou a atenção em suas incursões por Berlim?

Eu vou falar agora de Berlim Oriental. Aqui precisamos fazer uma clara distinção. No leste da cidade, pouco existe do que eu chamo show of clothes. Também as logomarcas de empresas raramente são exibidas pelas pessoas. Eu tenho a impressão de que os jovens berlinenses simplesmente não levam a sério as grandes marcas. Não por causa de dinheiro, pois, se fossem importantes para eles, eles comprariam produtos falsificados. Acho que marcas e etiquetas simplesmente não fazem parte de seu mundo.

Issey Miyake mostrou em 2001 sua co leção A-POC numa exposição no Vitra Design Museum de Berlim. Naquela época, ele afirmou: Berlim é uma “cidade na moda fora de moda”. Ele quis dizer que a cidade podia estar na moda, mas os berlinenses não se deixam influenciar pela moda. Este quadro mudou?

Não posso afirmar isso. Talvez se possa entender Miyake da seguinte forma: em Berlim não há uma moda típica tal como se vê em Tóquio, onde as moças se vestem seguindo conscientemente as tendências. A moda tem muitos meios de expressão. Em minha opinião, a anti-moda é também uma forma de moda.

Em Berlim e na Alemanha, há grande movimento no segmento de roupas esportivas e moda esportiva. Os modelos da Adidas, da Puma e muitas coleções de jovens estilistas refletem a influência da rua e seus ambientes.

Sim, com certeza. Esta é a razão pela qual Jochen Zeitz, da Puma, falou em nossa conferência. Roupas esportivas são extremamente importantes. Por isso, a feira de moda Bread & Butter, em Berlim, tem uma plataforma ideal. O entusiasmo, com que algumas pessoas se deixam fotografar para blogs de moda, comprova que elas mesmas querem criar tendências. Ao mesmo tempo, não creio que estilistas profissionais venham algum dia a sair de moda.

13.01.10

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